Grupo de Apoio a Sobreviventes de Suicídio inicia nesta segunda-feira

Foto: Renan Mattos (Diário)
Liziane Eberle ofereceu treinamento aos voluntários do CVV

Embora seja uma questão de saúde pública, o suicídio ainda é um assunto evitado. As pessoas que vivem esse tipo de sofrimento não têm nem coragem nem espaços para tratar dos traumas vividos. Para preencher a lacuna que havia para apoio às vítimas dessa dor, o Centro de Valorização da Vida (CVV) local dá início, nesta segunda-feira, às 19h, ao Grupo de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio (Gass).

Liziane Eberle, uma das fundadoras do Gass no Brasil e vice-coordenadora da regional gaúcha do CVV, esteve em Santa Maria para fazer um exercício prático com os oito voluntários que irão trabalhar com o Gass. Foi a última etapa do treinamento dos integrantes do Centro, todos eles com mais de quatro anos de experiência no atendimento à população.    

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O serviço será o primeiro oferecido fora da Região Metropolitana e funcionará em sala anexa ao posto do CVV, na Estação Rodoviária de Santa Maria. Os encontros serão todas as segundas-feiras, no mesmo horário e local. Liziane explica que um dos papeis do grupo é justamente dar liberdade para os sobreviventes falarem sobre o tema. O termo sobrevivente, neste contexto, representa quem viveu a perda de um ente e quem tentou o suicídio. De acordo com ela, quem passa por essa experiência lida com pensamentos persistentes de culpa. E falar dessa culpa abre uma porta para o auto perdão.

- O suicídio impacta muito as pessoas ao redor. Elas acabam não falando, mas a dor delas é muito maior do que a dor de quem perdeu um parente por uma doença ou por causas naturais, porque junto com essa dor está o "eu não vi", "é minha a culpa", "eu não ajudei", "o que eu poderia ter feito?". E se isso ficar dentro de ti, isso vai te gerar uma tristeza, que pode passar a uma depressão, que pode passar a uma profunda culpa. A partir daí, a pessoa não se perdoa, e aquela dor não sai dela - explica.

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A definição dos voluntários sobre o Gass inclui a informação de que o grupo não é uma terapia, mas que funciona como uma. A equipe local segue a cartilha do Gass criado em Novo Hamburgo, em 2013, o primeiro grupo do Estado. O segundo foi formado em Porto Alegre. Por lá, o perfil das pessoas que procuram o serviço é heterogêneo, segundo Liziane. Além disso, os "membros" vão e vêm, avisam que vão aparecer e não chegam, mas, mesmo assim, são acolhidos com a mesma atenção. A recepção segue as normas do CVV: gratuidade, anonimato, sigilo e nada de julgamento e preconceito.

Observar o comportamento dos familiares, colegas de trabalho e amigos ao redor e oferecer ouvidos para os desabafos é uma ajuda que pode ser oferecida por qualquer pessoa.

- As pessoas dão sinais. O suicídio impetuoso é uma coisa rara. Quando dizem que uma pessoa se matou porque perdeu o emprego é equivocado. Não, aquilo foi a gota d'água - avalia Liziane.

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EM NÚMEROS 
Em Santa Maria, segundo a Vigilância em Saúde, foram registrados nove casos de suicídio este ano. A maioria das vítimas tem mais de 50 anos. O mesmo número foi contabilizado em relação ao mesmo período do ano passado. No total, 34 pessoas tiraram a própria vida na cidade em 2017. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os números de suicídio são subestimados. Em alguns países, dependendo da cultura, casos de suicídio são registrados como acidentes ou mortes por causa indeterminada. 

ACOLHIMENTO

• Onde: Sala anexa ao posto do CVV na Estação Rodoviária de Santa Maria (Largo Irmãos Aita, 1450)
• Quando: todas as segundas-feiras, às 19h
• Quanto: É gratuito e aberto para toda a comunidade